Hoje é o dia D para o futuro da minha carreira de jogador de futebol de salão às segundas feiras à noite. Quando aos 36 anos fui obrigado a pendurar as botas como jogador de futebol de salão às quintas feiras à noite, o mundo era quase perfeito: tinha apenas 36 anos, um par de botas novas, um saldo médio mensal de 212,30€, 3 blogs inactivos, duas garrafas de cardu meio cheias, um hamster perfeitamente adaptado às duas refeições semanais, e, principalmente (não, não vou falar de mulheres quando tinha 36 anos), tinha uma equipa que sabia tratar uma bola como mandam as regras - com muita inteligência cá atrás e muita eficácia lá na frente.
Mas o mundo mudou de forma abrupta. Os 37 anos ficam marcados por aquela idade em que desisitimos de salvar os passes mal medidos pelos colegas, em que perdemos o controle sobre os tempos de entrada à perna alheia, em que discutimos furiosamente a forma pouco oval da bola, em que tememos uma lesão grave e mantemos a dúvida durante todo o jogo se haverá gelo no congelador lá em casa (para o inchaço e para o cardu, sim eu bebo com gelo), em que já temos dificuldade em adivinhar o número de dias de recuperação... A vida é dura, eu sei, mas o mundo mudou mesmo. As pessoas inteligentes a jogar à bola recolhem-se agora no conforto do sofá, a reviver os momentos de glória das quintas feiras à noite, agarrados aos documentários da rtp2 e ao cardu sem gelo. Sobrei eu, outro, mais um e mais outro. As equipas definem-se por sorteio: berlinde verde, equipa da tshirt branca; berlinde azul, equipa da tshirt preta. O sorteio é incondicional. Eu, o outro, o mais um e o mais outro tanto podemos ficar na equipa branca como eu posso jogar ficar a jogar sozinho contra o resto do mundo.
Passei o Janeiro a jogar sozinho contra o resto do mundo. E hoje é o dia D para o futuro da minha carreira de jogador de futebol de salão às segundas feiras à noite. Ou o azar me vira costas ou viro eu as costas à segunda-feira à noite, que isto custa muito levar no rabiosque semana sim, semana sim. Eu gosto muito de correr... mas com bola, e a fazer de Barcelona durante uma hora, uma vez por semana, se possível.
O mundo mudou. Muito. Há mais meio ano em cada perna, as botas continuam novas, mas só do pé esquerdo, o saldo médio mensal desceu para mínimos históricos e histéricos, só há 2 blogs incativos, dobrei a o número de garrafas de cardu meio cheias, o hamster sucumbiu à dieta rigorosa (foi inoportunamente substituido por 2 machos que viviam juntos e pareciam muito felizes, apesar de eu ter insistido com o vendedor que era melhor não, os machos não se dão bem juntos, mas ele disse que na boa, eu fui na conversa, levei-os e duas semanas mais tarde um deles deu cabo do outro, e mais duas semanas o que sobrou não resistiu à rigorosa dieta que aplicamos cá em casa em casos de assassinato entre membros da mesma espécie, mas peço atenção, a versão oficial foi "oh filhota, eles não se davam bem, lutavam muito e tiveram que voltar para a loja"). A vida dá muitas voltas.
As mulheres perguntam aos homens a sua opinião sobre algo que tem a ver com elas. Podem ser as botas novas, o penteado que custou 60 euros ou o ligeiro volume que surgiu sob as coxas. Na verdade, não lhes interessa a verdade. Apenas pretendem que o que sair da boca do homem vá de encontro ao que elas querem ouvir. E o que elas querem ouvir nem sempre corresponde ao que elas próprias pensam sobre a questão. Confuso? Benvindo ao maravilhoso mundo das mulheres!
No fundo, as mulheres querem que os homens lhes digam que as botas são lindas, que o penteado é maravilhoso apesar de, e que o volume nas coxas é imaginação dela, mesmo que para isso seja preciso mentir. E é. Mesmo que elas não acreditem. E não.
Todo este ciclo do "ora mentes tu, ora não acredito eu, mas não interessa nada desde que digas as palavras certas" é tolerável e um processo natural para ambos. E será muito possivelmente a zona do cérebro feminino mais fácil de compreender. Isto sou eu a dizer, que não percebo nada do assunto. Mas que me caia já a Oprah Winfrey em cima se não é assim que as coisas se passam...
Estou a entrar em caminhos perigosos. É melhor voltar a brincar aos quiosques, certo?
Ele começa por pedir um Marlboro. Eu registo. Mas afinal não era. Era um gigante. Anulo o registo do Marlboro e registo um Gigante. Afinal não era Gigante, era Marlboro gigante, chefe, dos grandes! Anulo o "Gigante que afinal era Marlboro dos grandes, chefe" e registo um Marlboro 100's.
Não é desses, chefe, é dos brancos.
Já aconteceu 3 vezes, mas só da primeira é que registei e desregistei tudo, e em nenhuma das vezes o mandei à merda.
Isto não é para todos.
Durante meses, nos meus tempos de profissional não remunerado no twitter, juntei dezenas de listas elaboradas por profissionais remunerados sobre a problemática do jornal papel e seus derivados, e como dar à volta à problemática. Quase todas ostentavam títulos pomposos como “Os 10 passos essenciais para resolver a problemática do jornal papel e seus derivados” ou “As 37 questões que têm que ser respondidas sobre a problemática do jornal papel e seus derivados”.
Acumulei tantas listas que fui obrigado a criar uma lista de todas as listas, para me tentar ajudar a perceber o fenómeno da problemática em questão. O passo seguinte foi eliminar os items em comum de cada lista. Estes, do tipo “Temos que valorizar o online, pá!” passavam para uma nova lista, valorizados pelo facto de sairem da cabeça de mais do que um profissional. Criei assim uma super-lista de pontos em comum, que pareciam tão óbvios que davam a sensação que se aplicados com rigor, resolveriam a problemática numa questão de meses. Entretanto, a super-lista foi crescendo até que parou com o tempo, abandonada pelo meu desgaste e pela falta de imaginação dos pensantes da problemática. Chegou então o dia de apresentar a super-lista a um super-pensante da matéria, que em meio minuto me respondeu: “dá a ideia que estamos a tentar discutir a resolução da problemática da extinção dos dinossauros, quando já só restam 3 em Terra, e todos machos”.
ok?
A abstenção no quiosque - lê-se "pessoas que podiam vir cá comprar qualquer merda e não vêm" (e as razões ficam para escrever de hoje a 15 dias) - ronda os 83%. Com isto ninguém se indigna. Pela minha parte, vou reflectir. E só não medito porque me basta o ioga.
Por agora é tudo.
Cinco milhões, cento e trinta e nove mil, setecentos e vinte e seis eleitores que não votaram.
Na próxima declaração de IRS, à rapaziada que se esqueceu de colocar a cruz retira-se um cêntimo. O país ganha cinquenta e um mil, trezentos e noventa e sete euros e vinte e seis cêntimos. Isto dá perfeitamente para acabar de vez com a marquise do apartamento do Cavaco, e com uma gestão cuidadosa ainda compramos um fato novo à Cavaca.
Para já é só.
Os miúdos não me deixam tocar guitarra enquanto está a dar o Panda. Até certo ponto, é compreensível. Só toco há 3 meses. Mas não é de todo agradável levar com uma ordem tão directa: “vai tocar isso para outro lado” ou “enquanto não souberes tocar as lágrimas, vais tocar isso para outro lado”. Eu vou.
Cinco minutos mais tarde um deles vai ver o Panda para “o outro lado”.
Panda, se me está a ouvir, metes-me nojo e eu odeio-te! És gordo e estupidamente monocromático! Já não basta impedires a progressão da minha carreira, como ainda tenho que ouvir disparates como “Não percas a minha nova revista no teu quiosque!” e de imediato ser assaltado por um coro de vozes: “tens lá isto no TEU quiosque?... COMPRA! COMPRA! COMPRA!”.
Mesmo perante a minha insistência que o “teu quiosque” não presta, cheira mal e o dono é mau, o Panda encarrega-se de, durante os intervalos do Martim Amanhã e do Vila Beleza, reforçar a ideia que “o teu quiosque” tem mesmo a revista, é impossível não ter.
Sonho, por isso, pelo dia em que o som que sai da guitarra os faça soltar um ohhhh de admiração e profundo orgulho. Até lá, e para bem da saúde do quiosque e do Panda, não há volta a dar: procuro guitarrista profissional com jeito para miúdos.
Há uma cliente. Depois há o marido dessa cliente, que nunca vi, e que parece estar sempre em casa, mais propriamente no sofá, à espera que a mulher lhe telefone do quiosque a informá-lo das novidades em matéria de dvd's. Depois há o pormenor do homem ser surdo que nem uma porta. E depois há a alternativa de a mulher ter o volume do telemóvel no mínimo, o que a obriga a berrar como o Jesus berra quando o César Peixoto engraça com uma miúda da 1ª fila enquanto o Coentrão faz de Coentrão e Peixoto num só, durante um contra ataque adversário. E depois os títulos dos filmes vão saindo em catadupa pelo telemóvel dentro, por entre várias rajadas de cuspidelas e pedaços de bolo de arroz. "CÂMARA INDISCRETA!", "TIGERLAND!", "ALGUÉM TEM QUE CEDER!", "AS BRUXAS DE SHLEM!" (repetir tudo 3 vezes; o homem é surdo, estamos entendidos?).
Certo dia chegou este ao quiosque, e foi uma galhofa num raio de 100 metros.
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