Um casal de velhinhos. Ela com aquele olhar pesado e ausente, como quem carrega uma vida inteira de sacrifícios. Ele visivelmente debilitado, braço amparado no da sua senhora, sempre um passo atrasado. Todos os domingos lá vinham eles, depois da missa, buscar o jornal. Traziam-se um ao outro e com eles o mesmo saco de plástico de sempre, com as letras desgastadas pelo uso excessivo.
Cada domingo a mais, mais se sentia o velhinho longe da vida. Até que o casal de velhinhos, num certo domingo, não veio buscar o jornal. Nem no próximo, nem no outro a seguir.
Voltou um dia a velhinha. Só. O mesmo olhar pesado, mais pesado ainda. O mesmo olhar ausente, mais ausente ainda. No seu rosto estava escrito que trazia agora consigo a perda do seu velhinho. Com a voz embargada, pediu o jornal de sempre, que levou no saco de sempre.
O ritual repete-se há muitos, muitos domingos. Este último teria sido apenas mais um. Mas aquela voz embargada, rodeada agora por uma expressão menos dolorosa e bem mais viva, trazia consigo uma confissão envergonhada: "Sabe... o jornal não é para mim... é para o meu falecido marido". E eu percebi naquele instante que a velhinha já não estava sozinha.
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