... já temos vencedor para a categoria "O quiosque como serviço social":
- Oh menino, veja lá se esta carta da segurança social é para saber se eu estou morta ou viva.
Ontem acusaram-me de incluir demasiadas vezes o gato no blog, e da lamechice que isso representa para o mundo em questão. Com razão. Quero redimir-me. O tema hoje é bola e nada mais que bola.
Já perdi a conta ao número de vezes que escrevi sobre o Barça. Nenhum dos textos chegou a ver a luz do dia. Podia inclusivamente criar um blog só com textos sobre tentativas frustradas de definir e sobretudo explicar o porquê de haver uma equipa como o Barça. Seria "O Real de Madrid dos blogs sobre o Barça". Resta-me por isso atirar a toalha ao chão e fazer aquilo que os cronistas fazem quando estão sem tema: escrever sobre a escrita, ou a falta dela.
Ontem dei de trombas com este vídeo:
Este vídeo só vem provar aquilo que há muito desconfiava: não percebo nada de bola. Pior: não sei ver um jogo de futebol. Quando o gajo mais importante do Barça é o... hmmmm... como é que ele se chama mesmo?.... o Busquets (e o Guardiola diz que o Barça é o Busquets e mais 10), e eu só tenho olhos - passe a expressão - para o Xavi, o Iniesta e o Messi, então não tenho as mínimas condições para tecer teorias ou conspirações sobre este Barça.
Também me parece que a questão que o mundo deve colocar não é "Qual é a melhor equipa de sempre?", e deixar depois várias alíneas para o mundo poder escolher. A questão a colocar é "Qual é a melhor equipa de sempre? O Barça da liga dos campeões ou o Barça que joga contra o Real Madrid?". A questão que o mundo deve colocar não é "Qual é o melhor jogador do mundo?", e deixar depois o mundo opinar sobre alguns tipos que jogam à bola, de diferentes nacionalidades. A questão que o mundo deve colocar é: "Qual é o melhor jogador do mundo? O Messi da 1ª parte ou o Messi da 2ª parte?".
Tudo o resto, desde as movimentações, com ou sem bola, os passes, de olhos abertos ou fechados, as fintas, com cueca ou sem cueca, e tudo o que está ligado ao pormenor técnico-táctico... não consigo explicar. Basta apreciar.
Prognóstico para hoje: 2-0 aos 32 minutos.
Ano e meio depois de decidir fazer carreira como guitarrista, eis que consigo finalmente tocar a primeira música do princípio ao fim. Com voz e tudo, tipo Paul Simon mas em bom. Começa assim a ganhar contornos a primeira tournée mundial, cujo alinhamento consistirá de apenas uma música, tocada vezes e vezes sem conta. Vamos acreditar que será possível.
Como dizia a minha avó, "quem anda à chuva molha-se". Como dizia um anónimo, "o tomate engorda" (inocente adaptação ao "o que não mata engorda"). E como eu costumo dizer, pelo menos de há uma hora para cá, "em terra de pescadores, se uma peixeira for ao teu quiosque trocar moedas e não te podes dar ao luxo de recusar a proposta porque o teu dealer habitual foi fazer uma cura, calça uma luvas ou arriscas-te a tresandar a peixe nas próximas 24 horas e a passar a andar na rua com meia dúzia de gaivotas atrás".
Tem acontecido por estes dias um fenómeno curioso que deverá merecer a atenção das entidades competentes ou até mesmo um post no facebook por parte do senhor Presidente da República: existe uma procura desmedida por raspadinhas. Personalidades de todas as idades e feitios (personalidade=pessoa que se aproxima do quiosque num raio de 5 metros), a um ritmo diabólico e mostrando por vezes alguma ansiedade, parecem estar a chegar à conclusão que a raspadinha merece um investimento mais atrevido.
Duas más notícias. A primeira má notícia é que não tenho raspadinhas para vender, defraudado assim milhões de pessoas e accionistas. A segunda má notícia é que não há boas notícias a retirar deste estranho fenómeno. Nem explicações. Tenho percorrido a concorrência mais próxima em busca de pistas. O Sherlock Holmes que há em mim relata-me que não há quiosques a fechar, que os que sobrevivem continuam a vender raspadinhas a um ritmo normal, que não há prémios milionários para raspar, e que os montantes de resgate de certificados de aforro se encontram estabilizados. Assim de repente, não há motivos óbvios que levem os milhões de clientes que diariamente aqui passam, a querer raspar desalmadamente, como se o mundo fosse acabar no dia 21 de Março de 2012 às 18:30 hora de Lisboa (previsão minha).
Portanto, fica aqui o alerta para sociólogos e afins. Há malta a investir forte na raspadinha, essa malta escolheu este quiosque para manifestar essa vontade, essa vontade não apresenta sinais de abrandamento, esta falta de sinais de abrandamento ainda não me convenceu a investir forte na venda de raspadinhas, esta possível venda de raspadinhas poderá chocar com aquelas pessoas que aqui vêm pedir-me uma rapidinha, e agora não posso continuar porque uma senhora que não fala e que me pede as coisas por gestos, precisava de lenços de papel e acabou de assoar-se nas próprias mãos. Vou ali morrer e volto mais tarde.
Parece que há um cliente meu (e eu confirmo) que me compra o Correio da Manhã todos os dias. Nada de mal, antes pelo contrário, e aproveito a oportunidade que me é aqui concedida para o convidar a renovar esse seu ritual por mais duas ou três épocas. O curioso da questão reside no facto de o dito senhor pedir invariavelmente o excelentíssimo Jornal de Notícias, quando na verdade quer levar o Correio da Manhã. E passo a descrever todo o ritual.
Do exterior, debruça-se sobre a banca interior, num esforço admirável considerando o seu estado de degradação, aponta para o jornal onde se pode ler em letras garrafais brancas sobre fundo vermelho “CORREIO DA MANHÔ, e ao mesmo tempo que recolhe o seu débil esqueleto de volta ao mundo exterior do quiosque, exclama, como quem sabe de antemão o défice público para 2017: “é o Jornal de Notícias, por favor”.
Ao início era chato. Eu dava-lhe o Jornal de Notícias e o senhor corrigia: “Desculpe lá, é o Correio da Manhã...”. Mais tarde, entregava-lhe o Correio da Manhã, mesmo que o Jornal de Notícias fosse o escolhido (nunca tive reclamações). Ultimamente, limito-me a antecipar todo o processo até porque a condição física do senhor anda um pouco em baixo e registo logo o Correio da Manhã e faço logo o troco porque o senhor paga sempre com 5 euros mesmo tendo na carteira duas toneladas de moedas e o senhor é um agarrado às moedas e mesmo que eu pergunte se as quer trocar até porque me dá muito jeito quando o meu dealer dos trocos está a ressacar ele diz que precisa delas portanto no dia em que faltarem moedas de euro no mundo já sabemos todos onde elas estão. Agora perdi-me...
Ah, hoje o senhor pediu-me o Correio da Manhã. E era mesmo o Correio da Manhã que o senhor queria. Haja esperança para um mundo melhor!
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