Sábado, 30 de Agosto de 2008
Confesso que tenho sentido algumas dificuldades em trazer aqui temas sérios, daqueles que provocam enchentes na caixa de comentários, como não se vê desde Novembro de 2006. Podia arranjar mil e uma desculpas mas o facto é que não me lembro nem de uma. Ou esta coisa da silly season é mesmo contagiante ou corremos mesmo o risco de nunca mais ver por aqui aqueles gráficos bonitos que explicavam a supremacia da Nova Gente em relação à Flash.
Bem, o que é facto é que estou todo roto. Estou num tal grau de rotidão que decidi agora mesmo adiar todas as sobras até 2ª feira.
-Queria um Gigente, por favor, (e estende-me 3 euros e 20)
-A senhora está-me a dar três e vinte...
-Estou-lhe a dar três de vinte??
-Não, está-me a dar 3 euros e vinte, e o tabaco custa 3 e 45.
-E quanto é que está aí?
-Três e vinte.
-Três de vinte?? Oh homem, posso não saber contar, mas ainda consigo ver!
Agora esqueci-me o que é que ia a escrever.
Quarta-feira, 27 de Agosto de 2008
-Queria a Maria.
-A Maria já não tenho. Tenho a Mariana.
-Qual é a diferença?
-É a Ana.
-Então levo a Ana.
Hoje é mesmo dia de records. Acabo de vender um selo de 2 cêntimos. Só. Poderia ter tido um lucro de 0,001 euros - nem me atrevo a escrever isto por extenso - mas decidi oferecer o selo à mulher.
Há quem não se levante da cama por menos de 10.000 dolares. Eu não faço trocos de selos de 2 cêntimos com uma nota de 5 euros.
Um velho de 70 anos. Uma carteira. Dentro da carteira, a bolsa do totoloto. Dentro da bolsa, um envelope. Dentro do envelope, a capa protectora do cartão, protegida com dois elásticos. Dentro da capa, o cartão com os dados. Depois, o processo inverso, até finalmente receber o pagamento.
De longe, o carregamento de telemovel mais demorado da história do quiosque.
Terça-feira, 26 de Agosto de 2008
Acordei tarde para os jogos olímpicos, já passavam alguns minutos das 5 da manhã de um qualquer dia de Agosto do ano de 1984, quando fui literalmente obrigado a marcar presença na sala. Enquanto disparava com a máquina fotográfica em direcção à tv, o meu pai exclamava eufórico: “isto é o Carlos Lopes a ganhar uma medalha de ouro, pá!”. E eu percebi ali no momento que a coisa era realmente importante, ao ponto de um pai sacar de um filho da caminha às 5 e tal da manhã.
Um quarto de século e duas medalhas de ouro mais tarde, o meu filho acordou-me às 3 da manhã de um qualquer dia de Agosto do ano de 2008. Queria mamar. Enquanto mamava, dei uma espreitadela à corrida da Banessa. Adormeci 5 minutos depois, e quando acordei horas mais tarde dei conta que o meu espírito olímpico se tinha perdido no tempo, ao ponto de me deixar vencer pelo sono em troca por uma medalha.
Por toda esta conjugação de acontecimentos – sono, caminha, olímpicos, etc… -, sinto-me perfeitamente capaz de avaliar as declarações de Marco Fortes e não só. O que tivemos ali foi um momento do mais puro humor, incomparavelmente superior à lenga-lenga que os nossos futeboleiros disparam semanalmente boca fora. Por 1 cêntimo/mês – deve ser mais ou menos o que me sai do bolso para levar o Marco Fortes aos olímpicos – tenho todo o gosto em continuar a ouvi-lo, embora acredite que daqui a 4 anos, se ele marcar presença em Londres, as suas declarações após o 38º lugar na prova de lançamento do peso serão algo como “peço desculpa aos portugueses e prometo continuar a trabalhar, e agora vou para a caminha pensar na merda de lançamento que fiz hoje, com vista a melhorar os meus futuros resultados”. Sim, porque entretanto, Marcos Forte treinou intensamente o levantamento do seu peso. De manhã, da caminha.
Vamos lá a ver. A campeã chinesa de halterofilismo levanta mais que o campeão nacional português. Entendido? Eu repito: metam um bigode na campeã chinesa de halterofilismo – não é preciso mais nada –, ofereçam-lhe um passaporte português e dois ordenados mínimos, e ela vem cá de boa vontade papar os campeonatos nacionais na vertente masculina da modalidade. Com um bocado de sorte, ainda me ajuda a arredar o quiosque uns 5 metros para a esquerda, o que me dava um certo jeito.
Querem quê? Resultados? Declarações dignas? Ah, não querem desculpas esfarrapadas, mas gostam de ouvir semanalmente, sem excepção, as habituais queixinhas dos treinadores de futebol. Preferem antes que um lutador agrida o árbitro no final do encontro, como fez um cubano? Ou ser apanhado nas malhas do doping, como toda a delegação búlgara de halterofilismo, e mais meia dúzia de cavalos? Ou recusar uma medalha, arremessando-a para o chão e abandonar o pódio, por estar furioso com a arbitragem, como fez o sueco?
Eu prefiro o Forte. E o cavalo que se assusta com o ecrã gigante. E os corredores que se borram com o estádio cheio. E o pai da Banessa: “Ora bem… 4 boltas… 4 vezes 5 vinte… 4 boltas… ora bem… falta uma bolta, Banessa! Força Banessa! Tu sabes sofrer, Banessa!”. Porra, assim até eu corria que nem um doido!
Quinta-feira, 21 de Agosto de 2008
Surgiu logo nos primeiros dias, em tons de aviso, este disparo do senhor barbeiro: “
Olha que eu venho cá comprar os jornais todos dias. Temos de ser uns para os outros...”. Assimilei a mensagem e até hoje não me atrevi a cortar a lã noutro sítio. Esta parceria quiosque-barbearia alargou-se rapidamente pelo resto da praça, embora sem o carimbo semi-oficial do “
temos que ser uns para os outros”. No entanto, há um cliente a quem tenho escapado, embora me compre regularmente meia dúzia de publicações: a
Funerária Faria. Malta porreira, de bom trato, etc e tal, mas... não me dá jeito nenhum e aqui em cima respira-se melhor, obrigado.
Eu não sou supersticioso, mas é melhor não facilitar: sempre que lhes marco uma reserva, levam no topo da publicação com “
Fun Faria”. E já agora, aqui vão dois toques no nº9 da “
Casas de Madeira”.
Toque, toque, já está.
Terça-feira, 19 de Agosto de 2008
Eu já desconfiava, mas começo a ter certezas que há malta a querer ser protagonista deste espaço por qualquer meio. E desta vez o meio foi o telefone.
- Bom dia, é capaz de me dizer como está o tempo aí na Figueira?
Segunda-feira, 18 de Agosto de 2008
Desta vez tive que me ausentar temporariamente para fora do quiosque, porque um gajo não é de ferro, e mesmo com a experiência acumulada, é impossível estar-se preparado para tiradas como esta.
Depois de um parágrafo cheio de nada, vamos à substância. O senhor Placenta (assim apelidado por trocar o SG Plantina por SG Placenta), regressou. Desta vez vinha artilhado com um bloco de notas. Às páginas tantas do bloco de notas, fecha o olho direito, aproxima o esquerdo de um rabisco quase irreconhecível, e avança pleno de confiança "Um SG Platex por favor".
Domingo, 17 de Agosto de 2008
"Se o Benfica ganhar ao Porto corto o bigode"
cliente da Bola, assinante da sportv, que se recusa a ver os jogos do Benfica para não se enervar.