Quarta-feira, 24 de Outubro de 2007

Suplício

De vez em quando lá calha e sai um post… Hmmm… corrigo: de vez em quando lá calha e sou obrigado pelo patrão empregado a passar uma tarde no quiosque. Não sei se se nota mas este texto está a ser escrito directamente do quiosque, o que diz bem do suplício que é passar o tempo a apanhar moscas. O Sr. Almerindo, ali das finanças, sabe bem do que estou a falar.
Os ponteiros do relógio não andam, a pilha de Sábados não esvazia, os jornais estão desactualizados e há muito que deixou de ser engraçado descobrir as diferenças entre os onzes prováveis do Jogo, Record e Bola.
Mas nem tudo é mau. (pausa) Não, é mesmo tudo mau! Até o raio do sol… aliás, os raios de sol se posicionam na perfeição, entre as 3 e as 5 da tarde, obrigando-me a procurar refúgio na zona leste do quiosque. Estas ocasiões, de quando em vez, proporcionam descobertas de novos espaços de arrumação. Certa tarde fui de encontro a uma pilha de volumes de cadernetas do centenário do Benfica, a devolver apenas dentro de 10 semanas e sem a mínima chance de venda, e cometi o pecado de as juntar à secção de Tricot e Crochet, ganhando assim um espaço extra para a super El Mueble, cujo espaço foi por sua vez ocupado pelos livros de romance da Bianca e da Júlia, e assim sucessivamente, até as ditas cadernetas voltarem ao lugar de origem. E com estas matreirices se vai passando algum tempo, enquanto não chega “aquele” cliente.

É incrível como algumas pessoas, durante a tarde, ganham a excepcional capacidade de falar imenso tempo sobre coisa nenhuma. Ainda há momentos, uma simples Teleculinária conseguiu gerar um diálogo monólogo de quase meia hora. “Ah e tal, eu tenho centenas delas, mas nunca as leio e nem sequer cozinho. Costumava encadernar tudo, mas o homem que o fazia matou um taxista, discussões de mulheres, acho eu, e foi preso. Mas o homem encadernava tão bem que fui à penitenciária de propósito encadernar as Teleculinárias. É que me disseram que eles na prisão podem trabalhar. E assim foi. Quando saiu, ensinou o ofício ao filho, que era um aldrabão e me ficava com metade das revistas. E as que vinham encadernadas soltavam-se ao mínimo desfolhar. Mas esta parece engraçada. Especial bacalhau, é? Vou levar. Eu não leio, nem cozinho, mas olha, pode ser que algum dia um dos meus filhos pegue nisto. Eu gosto muito de bacalhau, sabes? Nós os portuguese podemos ter muitos defeitos, mas não há quem cozinhe bacalhau como nós. Eu não cozinho, mas gosto de bacalhau”. No final, depois de ter dominado 85% da conversa - qual Fátima no meio campo do Sporting - apertou-me o bacalhau e foi chatear a mulher da loja de ferragens.

O suplício chega agora ao seu ponto mais alto. Pego na Caras e desfolheio de princípio ao fim. É declarado o estado de emergência. Faltam duas horas para o fechar o tasco.
publicado por ardinario às 13:23
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Quarta-feira, 10 de Outubro de 2007

Rombalgia

Tudo aconteceu por volta do minuto 43 da abertura do quiosque da passada 6ª feira. Um movimento mais brusco quando colocava o “Emprego” sobre a “Única fez esticar um músculo à retaguarda. Na altura não dei a devida importância, mas meia-hora mais tarde já se fazia sentir com alguma intensidade a mazela provocada pela arrojada manobra. “Lombalgia”, afirma convicto o Dr.Gouveia. “Chame-lhe o que quiser, doutor. Para mim é claramente uma p*** de uma dor de costas”, pensei eu. Bem me avisou a dona Arminda, no Inverno passado, enquanto me observava a montar Expressos à velocidade da luz: “Oh menino, qualquer dia ainda fazes uma rombalgia”.

Deixem-me para já alertar para os efeitos secundários da minha rombalgia: provoca uma postura erecta, de olhar fixo em frente, a fazer lembrar os piores torcicolos, impedindo movimentos laterais de qualquer espécie; os agachamentos estão foram de questão e quanto muito consegue-se fazer uma ligeira flexão de perna, que, a não ser que se seja um grande artista, é claramente insuficiente para apanhar as moedas de 5 cêntimos que vão caindo ao chão; praticamente todo o corpo faz figura de... corpo presente. Diria mesmo que um gajo com uma lombalgia só atrapalha e é tal a sua incapacidade para produzir o que quer que seja que devia ser obrigado a subir um escalão no IRS.
Bem, não adianta ir mais longe. O único movimento que se executa a 100% é o piscar de olhos, o que, convenhamos, é de uma inutilidade extrema quando se está dentro de um quiosque (além disso, a promotora dos isqueiros nunca passa às 6ªs feiras).

Não havia alternativa. Mandei o meu irmão aquecer e pedi substituição.

Em casa chego rapidamente à conclusão que estar em pé ou deitado é igual ao litro: não melhora nada a coisa, antes pelo contrário. Assentar o rabo no sofá, mantendo uma postura firma e hirta, torna-se a única solução viável para o sofrimento. A boa notícia é que tenho dispensa de toda e qualquer tarefa doméstica, ganhando mesmo alguns mimos e privilégios extra. A má notícia é que vou certamente falhar os próximos compromissos importantes: o Expresso do próximo sábado, os Clássicos Portugueses de 3ª feira e a Vogue Italiana, edição especial de 600 páginas, que deve estar aí a chegar. E estou em dúvida para as enciclopédias Larousse de 5ª feira.

Doping. Sou obrigado a recorrer ao doping. Mete analgésico, mete relaxante muscular e mete água quente. Várias vezes ao dia. Ou me enganei na dose ou o meu corpo é imune a drogas. No dia seguinte estou pior e decido-me por drogas injectáveis. Saio do hospital 2 horas depois com um andar novo e a notícia que tenho a tensão alta. Pudera! Há mais de 20 anos que não levava uma pica no... naquele sítio! Agora, além de não conseguir estar deitado nem em pé, não me vou poder sentar tão cedo.

Onde é que fez isso, menino?”, pergunta-me a velhota na cadeira de rodas. “Foi no emprego?”. “Foi sim”, respondo eu. “No Emprego e na Única”.
publicado por ardinario às 15:35
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Quinta-feira, 4 de Outubro de 2007

1 ano de Expresso x Sol


publicado por ardinario às 17:38
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Segunda-feira, 1 de Outubro de 2007

Jornais diários - as vendas no quiosque

Aqui estão, finalmente.
O 3º trimestre já entra.
Cuidado que o Agosto engana.
Se bem que o 24 Horas aproveitou a boleia das vendas de Verão.
Forneço a folha excel pormenorizada a quem solicitar.

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publicado por ardinario às 19:31
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NME

"Empresta-me aí o New Musical Express, só para ver as gordas"

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publicado por ardinario às 17:28
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