Parece que há um cliente meu (e eu confirmo) que me compra o Correio da Manhã todos os dias. Nada de mal, antes pelo contrário, e aproveito a oportunidade que me é aqui concedida para o convidar a renovar esse seu ritual por mais duas ou três épocas. O curioso da questão reside no facto de o dito senhor pedir invariavelmente o excelentíssimo Jornal de Notícias, quando na verdade quer levar o Correio da Manhã. E passo a descrever todo o ritual.
Do exterior, debruça-se sobre a banca interior, num esforço admirável considerando o seu estado de degradação, aponta para o jornal onde se pode ler em letras garrafais brancas sobre fundo vermelho “CORREIO DA MANHÔ, e ao mesmo tempo que recolhe o seu débil esqueleto de volta ao mundo exterior do quiosque, exclama, como quem sabe de antemão o défice público para 2017: “é o Jornal de Notícias, por favor”.
Ao início era chato. Eu dava-lhe o Jornal de Notícias e o senhor corrigia: “Desculpe lá, é o Correio da Manhã...”. Mais tarde, entregava-lhe o Correio da Manhã, mesmo que o Jornal de Notícias fosse o escolhido (nunca tive reclamações). Ultimamente, limito-me a antecipar todo o processo até porque a condição física do senhor anda um pouco em baixo e registo logo o Correio da Manhã e faço logo o troco porque o senhor paga sempre com 5 euros mesmo tendo na carteira duas toneladas de moedas e o senhor é um agarrado às moedas e mesmo que eu pergunte se as quer trocar até porque me dá muito jeito quando o meu dealer dos trocos está a ressacar ele diz que precisa delas portanto no dia em que faltarem moedas de euro no mundo já sabemos todos onde elas estão. Agora perdi-me...
Ah, hoje o senhor pediu-me o Correio da Manhã. E era mesmo o Correio da Manhã que o senhor queria. Haja esperança para um mundo melhor!
. O 11 DE SETEMBRO DOS QUIO...
. À atenção dos accionistas...
. QUIOSQUE QUE LADRA NÃO MO...
. O CURSO DE LÍNGUAS E O RO...