que tinha uma empresa de agenciamento de arrumadores.
Depois de uma reunião com o presidente da câmara, consegui ficar com os direitos de exploração de todos os parques de estacionamento da cidade. Um monopólio à maneira. Comecei a recrutar. Fui para as ruas procurar rapaziada mal vestida, a dever longas semanas ao duche, com disturbios sociais, barba por fazer, dificuldades na articulação de frases, mau aspecto geral e, acima de tudo, com vícios para sustentar. Foi a parte fácil. Salário mínimo e recibos verdes para alguns. Outros à comissão - 15% no máximo. Depois tive que os preparar para a função. Duas semanas de formação com tudo pago: café, bolo de arroz, cigarros, sopa da avó, ganzas e senhas de transporte. Aprederam rápido, mesmo a gaja que passava o dia ranhosa e a quexar-se de uma ferida no lombo. Linguagem gestual, sistemas de intimidação, introdução à educação... correu tudo lindamente. Os módulos "como manter um mau aspecto constante e mesmo assim captar clientes" e "formas de retaliação para clientes pouco colaborantes" tornaram-se desnecessários (nota mental para eliminar em próximas acções).
O arranque da empresa (não me lembro do nome) foi fantástico. Durante 3 dias ninguém se lembrou que estava a ser explorado (estavam e muito). Foi dinheiro muito fácil. Até que um dos empregados decidiu fazer uma cura, tornou-se lúcido em três tempos, fez contas e antes de se despedir organizou um motim. Invadiram as instalações da empresa, partiram aquilo tudo (sorte que o iMac ainda não tinha chegado) e o pior de todos deu um par de lambadas na secretária, que nunca mais vi no sonho. Depois foram à minha procura, já todos com a barba feita e de fato Armani e a gaja com uma brutal mini saia e com muito bom aspecto, o raio da moça. Encontraram-me no quiosque, claro. Fugi pelas traseiras e convicto que corria muito mais que eles. Mas aconteceu uma daquelas merdas que só acontecem em sonhos. Eu queria correr mas não saia do sítio, tipo os desenhos animados quando vão cair no precipício e ficam 10 segundos a correr em seco antes de despenharem lá em baixo (na água, claro, eles nunca se esborracham em cima de um calhau). Depois o gato acordou-me.
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